Vinicius Torres Freire/O impacto do PIB para a economia brasileira

Por 1 de setembro de 2017Jornal da Gazeta

A economia do Brasil corria o risco de sofrer uma recaída na recessão neste ano. Quer dizer, voltasse a andar para trás, por causa das lambanças do grampo de Michel Temer e a nova onda de imundície política.
Pois bem. A economia aguentou. Pela primeira vez desde 2014, a país cresceu um tiquinho no semestre. Ou seja, a primeira metade deste ano foi melhor do que a primeira metade do ano passado.
Favor prestar atenção: essa melhorazinha não acontecia faz três anos. É uma esperança, enfim.
Como existem quase 13 milhões de desempregados, a gente pode perguntar: que melhora é essa? Infelizmente, recuperações de crises, ainda mais de uma catástrofe como essa, são assim. O desemprego começa a diminuir depois, depois que houver mais consumo e mais investimento em novos negócios.
Mesmo assim, o desemprego começou a diminuir devagarinho. Além do mais, desde fevereiro o rendimento do trabalho dos brasileiros, todos somados, está crescendo. Há mais sinais em agosto de que a melhora continuou.
Por que vai tudo tão devagar? Porque não há investimento em novas construções, em obras, novas empresas grandes ou em expansão de empresas. Por quê?
Primeiro, porque as empresas têm capacidade de sobra, podem produzir mais do que vendem. Logo, não precisam expandir, criar novos negócios ou contratar mais gente.
Segundo, porque a construção civil ainda está uma desgraça. Encolhe. Não há muitas obras de casas nem de infraestrutura, estradas, saneamento etc. Por um lado, o governo está falido e gastando mal, não investindo em novas obras. Por outro, é incapaz de passar essas obras para empresas privadas, de fazer concessões de obras em volume suficiente.
Sem investimento, sem obras, sem novos negócios, a recuperação é lenta. Por quê?
Porque a melhora da economia depende da volta do consumo, mas na média as famílias ainda estão endividadas, embora um pouco menos, há muito desemprego.
Porque também os juros caem muito devagar nos bancos. Além do mais, as pessoas, como medo da vida dura estão pegando pouco crédito, e os bancos estão na retranca.
No entanto, se a política não atrapalhar, uma dificuldade, 2018 vai ser melhor. Sim, deve ser um ano medíocre, na média do que o país cresceu nos últimos 20 anos. Se tudo der certo, vai demorar até 2022 pra gente voltar ao nível de vida médio que tinha em 2014. Mas a catástrofe está passando.