Então, o Prêmio Nobel de Literatura não será dado este ano, por causa de um “escândalo sexual”. Mas tudo não passou de tempestade em copo d’água. Escândalo sexual, de verdade, aconteceria se algum escritor ou escritora fosse forçado a fazer sexo com algum jurado, mas nunca foi esse o caso. O clima ficou pesado em Estocolmo depois que, em novembro, um jornal descobriu que um fotógrafo franco-sueco, Jean-Claude Arnault, assediou ou estuprou 18 mulheres. Acontece que ele, que tem hoje 71 anos, é o marido de uma poeta e jurada do Nobel de Literatura, Katrina Frostenson. Ela e o marido eram proprietários de um clube que recebia subsídios da Fundação Nobel. E o fotógrafo Jean-Claude teria praticado o sexo em locais pertencentes à Fundação. Sem o clima de histeria e do politicamente correto, bastaria romper o contrato com o fotógrafo e investigar se a mulher dele era cúmplice das safadezas. Mas o escândalo cresceu quando a secretária-geral do Nobel, Sara Danius, pediu as contas e foi embora. As feministas tomaram as dores dela, e fizeram uma manifestação no dia 19 de abril, na linda praça de Estocolmo onde fica o prédio da Academia. Seis outros jurados acabaram também renunciando. E, com isso, a Fundação Nobel escolherá só no ano que vem o escritor ou poeta que poderia ter recebido o Nobel de 2018. A premiação seria anunciada só em outubro. O Nobel de Literatura é dado desde 1901. Os outros prêmios da Academia são os de química, física, medicina, economia, e o mais conhecido de todos eles, o Nobel da Paz. E só por curiosidade. Na América Latina, o Prêmio Nobel de Literatura foi dado a seis personalidades. Ao mexicano Octavio Paz, ao colombiano Garcia Marquez, ao guatemalteco Angel Asturias, ao peruano Vargas Llosa e a dois poetas chilenos, Gabriela Mistral e Pablo Neruda. A Argentina e o Brasil, que têm nomes superlativos nas letras, nunca levaram o Nobel. No caso da gente, uma injustiça com Manuel Bandeira e Guimarães Rosa. É assim que o mundo gira. Boa noite.
